quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Exegese LUCAS - 10:38-32 (parte 2)


COMENTÀRIO do TEXTO : Grego/Português

Indo eles de caminho, entrou Jesus num povoado. E certa mulher, chamada Marta, hospedou-o na sua casa.

Nesse versículo, parece estar faltando alguma palavra: “recebe-o na casa dela” parece que estaria no original, porém os copistas suprimiram de vários modos, alguns introduzindo οἰκίαν, outros οἰκoν , cada qual com o seu “αὐτὸν  

Tinha ela uma irmã, chamada Maria, e esta quedava-se assentada aos pés do Senhor a ouvir-lhe os ensinamentos.
Marta, significa “Senhora”, aparece só no N.T., em Lc 10.38-41; Jo11.1-5; 12.2 e também se refere a mesma pessoa: Marta, irmã de Maria e Lázaro. Alguns julgam que ela tenha sido esposa de Simão, o leproso. Porém a esta questão, não tem nenhuma prova. Sua cidade natal era Betânia, embora a posição da história dê a impressão de se tratar  de algum lugar na Galiléia. Lucas não deu atenção a cronologia, narrou um incidente ocorrido fora da Galiléia, em algum tempo não especificado, que deve ter ocorrido durante uma das muitas viagens de Jesus para fora da Galiléia.
Marta, nome que significa rebelião, provavelmente faz alguma alusão á rebelião de Miriã, irmã de Moises. Até esse ponto não se nota qualquer referência ao reclinar-se à mesa porque a refeição ainda não fora preparada, mas Maria se assentava como qualquer discípulo  costumava sentar-se aos pés dos mestres.
As traduções variam muito de manuscrito para manuscrito; alguns dizem: aos pés de Jesus, outros aos pés do Senhor. Jesus aparece na manuscrito P75 , e Senhor em B1, L e alguns poucos outros manuscritos.

Marta agitava-se de um lado para outro, ocupada em muitos serviços. Então, se aproximou de Jesus e disse: Senhor,  não te importas de que minha irmã tenha deixado que eu fique a servir sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me.
Marta não se dirigiu diretamente a irmã, provavelmente sabendo que não conseguiria desviá-la de sua contemplação, então, apelou para Jesus a fim de interromper a conversa e vir ajuda-la em seu serviço. O termo “OCUPADA”, em grego, significa distraída. Marta, preocupava-se com outros afazeres.

Respondeu-lhe o Senhor: Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas.

Jesus amigavelmente censura Marta que ainda não compreendeu bem o quanto é valioso seu hóspede.

Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada.
Esses versículos contam com diversas variantes nos manuscritos antigos. Os representantes do texto ocidental como o CODEX I, a maioria das versões latinas e o
S > < SC, omitem todas as palavras entre Marta! Marta! e Maria no vs. 42. Alguns manuscritos dizem simplesmente, “uma só coisa é necessária”, isto é P(45) e a grande maioria de todos os manuscritos gregos e das versões.
            A adição, “mesmo uma só coisa” se encontra nos Aleph, B, Fam1 e no Sy(hmg), juntamente com todos os textos regulares, o que resulta no texto que diz: ‘pouco é necessário, ou mesmo uma só coisa”. A versão Siríaca peshita e alguns poucos aliadas como o Cop(bo) dizem: “outras coisa são necessárias”.


 POR :ALEXANDRE BILHALVA;


Bibliografia:
BIBLIA. Português: Bíblia Sagrada Antigo e Novo Testamento. Tradução: João Ferreira de Almeida, Revista e Atualizada. 2ªed.São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2015.
BIBLIA. Novo Testamento Grego. 4ªed. Revista. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2009.
CHAMPLIN, N. Russell, O Novo Testamento – versículo por versículo – Vol.2, Lucas e João. São Paulo: Magnos.
https://livros gratis.com.br/cp141002.pdf – acesso em 23/10/2018.

Exegese LUCAS - 10:38-32 (parte 1)


SÃO LUCAS - 10:38-32

Fonte: Bíblia Sagrada – traduzida em português por João Ferreira de Almeida- ed. Revista e Atualizada.
38  Indo eles de caminho, entrou Jesus num povoado. E certa mulher, chamada Marta, hospedou-o na sua casa.
39  Tinha ela uma irmã, chamada Maria, e esta quedava-se assentada aos pés do Senhor a ouvir-lhe os ensinamentos.
40  Marta agitava-se de um lado para outro, ocupada em muitos serviços. Então, se aproximou de Jesus e disse: Senhor,  não te importas de que minha irmã tenha deixado que eu fique a servir sozinha? Ordena-lhe, pois, que venha ajudar-me.
41  Respondeu-lhe o Senhor: Marta! Marta! Andas inquieta e te preocupas com muitas coisas.
42  Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma só coisa; Maria, pois, escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada.

RESUMO / Síntese:
38  Jesus hospedou-se na casa de Marta;
39  Maria assentou-se aos pés de Jesus para ouvi-lo;.
40  Marta solicita que Jesus ordene Maria ajuda-la com as tarefas da casa;
41  Jesus pede para Marta não se inquietar;
42  Jesus diz que pouco ou uma só coisa é necessário e Maria escolheu a boa parte e não lhe será tirada.

IDÉIA PRINCIPAL: Deve-se escolher ouvir exclusivamente a Palavra do Senhor.
VERSÍCULO CHAVE: v.42
DATA da REDAÇÃO – 80-90 d.c embora muitos defendem 60-65d.c.
AUTORO Evangelho de Lucas e o livro de Atos dos apóstolos formavam apenas dois volumes de uma mesma obra. Esses dois livros acabaram sendo separados um do outro pelo Evangelho de João, o último evangelho a ser escrito. São Lucas é reconhecido como autor desses dois documentos. Lucas não foi testemunha ocular. Existem tradições que declaram que ele foi um dos setenta discípulos enviados por jesus. (cf. Epifânio,Her.1:12).Talvez esta tradição, se tenha originado do fato que somente Lucas registra o ministério dos setenta discípulos.
FONTE – Fontes para autoria de Lucas:
·         No livro de Irineu, Contra 14, encontramos uma afirmação sobre a autoria;
·         O testemunho do Canon Muratoriano séc.II da era Cristã;
·         Clemente de Alexandria, Orígenes e Tertuliano sustentam a autoria de Lucas;
DESTINATÁRIO e PROPÓSITO – O evangelho de Lucas é especificamente endereçado a Teófilo (Lc1.3) e queria esclarecer ao governo Imperial de Roma, que os Cristãos não eram alguma seita sediciosa ou subversiva, e nem mera facção do judaísmo, pelo contrario, que sua mensagem é universal, e, por isso mesmo, importante para todos os povos.
ASPECTOS HISTÓRICOS: Marta, Maria.
ASPECTOS GEOGRÁFICOS: Num povoado.

Povoado/Aldeia não é definido pelo nome, mas o evangelho de João informa-nos que Marta e Maria residiam em Betânia. Jo.11.1; 12.1-3 e  também são identificadas como irmãs de Lázaro. Maria era considerada a dona da casa, por ser provavelmente, a irmã mais idosa. Marta estava ocupada (verbo) significa literalmente puxar ao redor – isto é – distraída e estava ansiosa (adjetivo) denota intranquilidade no intimo=preocupação, confusão. Maria estava centralizada em Jesus, poupada de qualquer distração.
Porém uma única coisa se fazia necessário – era indispensável – a comunhão com Jesus. O aprender a seus pés, adoração, é considerado mais importante que as atividades exteriores.

TEXTO E CONTEXTO –
O texto fala, assim como os versículos 25-37, da firme exigência de Deus, porém não se refere ao amor de Deus e ao amor ao próximo, como ensinado na parábola do Bom Samaritano (Lc 10.25-37), mas ao ouvir a Palavra de Jesus.
Para o discípulo nada é mais importante do que ouvir seu mestre (Jesus) e isso não o limita as preocupações cotidianas (cf.8.14; 21.34; 12.22-31).
Marta está completamente ocupada com muito serviço. Ao servir, apenas, se exclui do grupo dos discípulos de Jesus (cf. 8.1-3). Jesus está viajando com seus discípulos e entra numa aldeia ( cf. 9.56). Jesus deve ser recebido  (cf.19.6) e sua palavra acolhida (cf.  8.13).

Alexandre Bilhalva;

Bibliografia:

BIBLIA. Português: Bíblia Sagrada Antigo e Novo Testamento. Tradução: João Ferreira de Almeida, Revista e Atualizada. 2ªed.São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2015.
BIBLIA. Novo Testamento Grego. 4ªed. Revista. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2009.
CHAMPLIN, N. Russell, O Novo Testamento – versículo por versículo – Vol.2, Lucas e João. São Paulo: Magnos.
https://livros gratis.com.br/cp141002.pdf – acesso em 23/10/2018.




Exegese Salmos 17 (parte 2)

ESTRUTURA -  
1 Ouve, Iahweh, a justa causa; atende ao meu clamor; dá ouvido à minha súplica, que não sai de lábios mentirosos.
2 Que  minha sentença provenha da tua face, teus olhos vejam onde está o direito.
3 Tu sondas o meu coração, tu me visitas de noite; tu me provas sem encontrar em mim infâmia: minha boca não transgride.
4 Como costumam os homens. Eu observei a palavra dos teus lábios, no caminhos prescrito.
5 mantendo os meus passos; meus pés vascilaram nas tuas pegadas.
A introdução (v.1 e 2 ) aparece a idéia de inoscência do suplicante que espera ver o seu direito reconhecido pela imparcial justiça de Deus.(WEISER,1995.p-127)
É seguida pelo protesto de inocência (v.3-5 ) que é uma justificação contra as acusações injustas
A petição (1-5), está fundada na retidão do juiz. O orante, consciente de sua inocencia,  apela ao juiz para que o investigue. ( 1b e 4a ). Dominam os verbos ou equivalentes em que Deus atua.
6 Eu clamo a ti, pois tu me respondes, ó Deus! Inclina a mim  teu ouvido, ouve a minha palavra.
7 Demonstra o teu amor, tu que salvas dos agressores que se refugia a tua direita.
8 Guarda-me como a pupila dos olhos,  esconde-me à sombra de tuas asas,
9 londe dos ímpios que me oprimem, dos inimigos mortais que me cercam.
10 Eles envolvem seu coração com gordura, sua boca fala com arrogância.
11 Caminham contra mim e agora me cercam, fixando seus olhos para jogar-me por terra.
12 Parecem-se leão, ávidos por devorar, filhote de  leão, agachado em seu covil.
Com o v.6 começa a súplica, que no v.9 passa a descrição dos inimigos. Em contraste com a atitude do poeta, a conduta dos ímpios é arrogante e violenta
A petição (6-12), repete da primeira o verbo escutar e apresenta ouvidos que atendem como correlativo de olhos que observam ( 2b e 6b )
Encontramos três correspondências por contraste: olhos de Deus e dos malvados ( 2b e 11b ), boca do salmista  e boca do ímpio (3b e 10b ) passos de ambos ( 5a e 11a ); e uma correspondência de correlativos: salmista guarda cumprindo, o Senhor guarda protegendo (4b e 8a )
13 Levanta-te, Iahweh! Enfrentá-os! Derruba-os!Que tua espada me liberte do ímpio.
14 e tua mão, ó Iahweh, dos mortais, dos mortais, que em vida, já têm sua parte deste mundo! Enche-lhes o ventre com que tens em reserva; seus filhos ficarão saciados e deixarão o que sobrar para os pequeninos.
15 Quanto a mim, com justiça eu verei tua face; ao despertar, eu me saciarei com tua imagem.
Nos v.13 e 14, segue um pedido de vingança contra os inimigos e o v. 15 conclui o salmo com a profissão de esperança na salvação a ser obtida no encontro com Deus. A petição (13-15 ) acumula imperativos ao começar. Enlaça-se com a segunda petição pela repetição de ímpio em (9a e 13b), do verbo fazer em (7b e 13a), ou seja, a agressão inimiga provoca a reação do Senhor.

 ALEXANDRE BILHALVA;


Bibliografia:
AGOSTINHO, Santo. Comentários aos Salmos (Salmos 1-50), Revisão H.Dalbosco. São Paulo: Paulus, 1997.
BÍBLIA Portugues: Biblía de Jerusalém. Nova edição, Revista e Ampliada. São Paulo: Paulus, 2002
BÍBLIA Português. Bíblia Sagrada Antigo e Novo Testamento. Tradução de João Ferreira de Almeida (RA). 2.ed. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2015.
CHAMPLIN, N. Russell. Antigo Testamento interpretado versículo por versículo – Volume 4 – Salmos, Provérbios, Eclesiastes  e Cantares. 2º ed. Hagnos, 2001.
CHAMPLIN, N. Russell. Enciclopédia Bíblica: Teologia e Filosofia- Vol.5 P-R. Disponível em: http://projetorestaurandovasos.blogspot.com/2016/11/baixar-enciclopedia-de-biblia-teologia.html.  Acesso 02/11/2018.
SCHÖKEL, L. Alonso; CARNITI, Cecília. Salmos I (Salmos 1-72) Tradução João Resende Costa. São Paulo: Paulus, 1996
SILVA, Cassio Murilo da, Leia a Bíblia como Literatura. São Paulo: Loyola, 2007.
SILVA, Cassio Murilo da; LÓ, Rita de Cácia. Caminho não muito suave. 2ºed. São Paulo: Alínea, 2012.
WEISER, Arthur. Os Salmos - Comentários I. São Paulo: Paulus, 1994

Exegese Salmos 17 (parte 1)


SALMOS 17 (16): SALMOS DE ORAÇÃO E SUPLICA
RESUMO
Esse é um salmo, de lamentação individual, inicia com um grito pedindo ajuda contra uma situação, precária e incerta, em que alguém se encontra. Situação causada por uma variedade de inimigos, perseguição e perigos, ou alguma enfermidade. O salmista se vê necessitado da ajuda divina e já na introdução expressa sua confiança em Deus (SILVA; LÓ, 2012. p-124). E então termina com um tom de fé e louvor, uma vez que a oração da tenha sido respondida, ou que se espere que seja em breve respondida.

Gênero

A súplica é um dos temas mais frequentes no saltério. Como todos os salmos de súplica, este lança luz sobre a violência e a traição dos tempos em que a sobrevivência diária diante da morte era um desafio constante. Tornava-se necessário uma intervenção divina para salvar os piedosos da destruição nas mãos de homens cruéis e desarrazoados. ( CHAMPLIN, 2001. P-2101)
Este salmo fala de um inocente perseguido ou acusado injustamente por inimigos que ameaçavam sua vida física (vs. 10,12).  Podiam ser inimigos de guerra, ou inimigos pessoais, dentro do acampamento de Israel. O salmista leva sua causa a Deus, para ser decidida no templo (v. 2). Ele pleiteava por vindicação (cf. I Reis 8.31,32). Durante a noite, até a hora da sentença, goza de asilo do templo, pela manhã será admitido à presença de Deus. (SCHÖKEL; CARNITI, 1996 P-289). Alguns estudiosos fazem deste texto um salmo messiânico, e o clamor seria o do Justo Jesus perante Seus perseguidores (ver I Ped. 2.23). Mas a maioria dos estudiosos não classifica assim este salmo. Alguns veem em I Sam. 23.26 e 24.11 como indicações das circunstâncias históricas de Davi, seu desespero e então a defesa de sua integridade. Mas essas coisas são apenas conjecturas, sem nenhuma evidência real.

SALMOS 17 (16) – Fonte: BÍBLIA DE JERUSALÉM


1 Ouve, Iahweh, a justa causa; atende ao meu clamor; dá ouvido à minha súplica, que não sai de lábios mentirosos.
O vs. 1 é um apelo, palavras de um acusado que precisava de livramento da opressão que poderia terminar em sua execução, legal ou ilegalmente. Davi (ou algum outro poeta) tinha ciência da própria integridade, ameaçada então por um ou mais inimigos que apresentavam falsas acusações contra ele. A urgência da súplica é provada pelo tríplice chamamento. “Ouve... atende a meu clamor... dá ouvido”. Deus precisou intervir para salvar o pobre homem de sofrer injustamente, talvez até de ser executado.

2 Que  minha sentença provenha da tua face, teus olhos vejam onde está o direito.
O  vs. 2 é uma petição, A vindicação era o principal objeto desta oração. Uma decisão justa só poderia descer da parte de Deus. Na presença de Deus, o homem justo goza de segurança. (“...tua face, teus olhos...” antropomorfismo)

3 Tu sondas o meu coração, tu me visitas de noite; tu me provas sem encontrar em mim infâmia: minha boca não transgride.
Três condicionais precedem a uma principal. O autor pede que sua integridade seja divinamente confirmada. Ele não carecia de uma decisão de tribunal, mas ser por Deus julgado e  considerara inocente de todas as acusações. A noite é tempo de recolhimento e intimidade. (SCHÖKEL; CARNITI, 1996. P-292) Nos períodos noturnos, quando os sonhos e a meditação examinavam a vida do salmista e sua conduta, a sentença era dada. ( CHAMPLIN, 2001. P-2101)
4 Como costumam os homens. Eu observei a palavra dos teus lábios, no caminhos prescrito.
Quanto às ações dos homens. O poeta sagrado tinha evitado as veredas dos ímpios. Ver Jó. 23.11-12: “Meus pés se apegaram a seus passos... Não me afastei do mandamento de teus lábios...” O  poeta sagrado tinha certeza de caminhar exclusivamente pelos caminhos abençoados de Deus. Ele identificava os ímpios, evitava-os e, como um príncipe fiel, proibia seus súditos de tornar-se companheiros dos ímpios, restringindo os bondosos de seguir maus exemplos; antes, ele fizera da Palavra de Deus a regra de sua conduta” (Cf.comentario 17.4: Biblia de Estudo de Genebra,2009. P-698).
5 mantendo os meus passos; meus pés vascilaram nas tuas pegadas.
Os passos do poeta estavam apegados aos caminhos de Deus mediante o poder do Ser divino. Ele era um homem dotado de uma confiança na Fonte de toda bondade. Esta confiança não era apenas ocasional, mas constante e por essa razão, a proteção no sentido de seus pés não escorregarem ou de evitar a distensão do tornozelo ( cf. Sl 18.37) era uma benção importante.

6 Eu clamo a ti, pois tu me respondes, ó Deus! Inclina a mim  teu ouvido, ouve a minha palavra.
“Eu,clamei”. Com livre e válida intensidade (Santo Agostino1997.P-154) O poeta perseguido invoca a Deus, sua única esperança, aguardando uma resposta e uma intervenção que o vindicaria das acusações contra ele. Ele acreditava que Deus intervinha na vida humana. Ele não acreditava que os homens estavam abandonados às suas próprias forças e recursos. O salmista se contrastava com aqueles homens violentos, que só queriam prejudicá-lo. Ver o vs. 4. Este versículo é uma espécie de renovação do pedido, um fortalecimento, porquanto agora o poeta sacro declararia petições específicas. Os elementos dessa petição estendem-se do vs. 7 ao vs. 14, e então o vs. 15 fornece a esperançosa conclusão de toda a questão. ( CHAMPLIN, 2001. P-2101)

7 Demonstra o teu amor, tu que salvas dos agressores que se refugia a tua direita.
O poeta apela para a compaixão e a fidelidade de Deus. Na história de Israel pode-se identificar muitos momentos em que Deus havia salvado seu povo em perigo. O poeta conhecia Deus como Salvador.

8 Guarda-me como a pupila dos olhos,  esconde-me à sombra de tuas asas,
“...como a pupila dos olhos...” uma imagem para aquilo que há de mais precioso. (frase extraída de Dt.32.10-11) uma das partes mais sensíveis do corpo que precisa de proteção.
9 londe dos ímpios que me oprimem, dos inimigos mortais que me cercam.
O incidente com Saul em I Sm23.26 é um exemplodos inimigos mortais que cercam.
10 Eles envolvem seu coração com gordura, sua boca fala com arrogância.
“...seu coração com gordura...” podeira ser uma caricatura da aparência física dessas pessoas perversas. (cf. comentário Biblia de Estudo de Genebra.2009.p-699) Gordura refere-se a luxuria (“...Tendes vivido no sprazeres; tendes engordado vosso coração, em dias de matança.”Tg.5.5)

11 Caminham contra mim e agora me cercam, fixando seus olhos para jogar-me por terra.
O inimigo havia tomado iniciativa de destruir o poeta.

12 Parecem-se leão, ávidos por devorar, filhote de  leão, agachado em seu covil.            A metáfora do leão fala de um poder superior e cruel que põe fim doloroso a algum poder que lhe é inferior e não consegue resistir aos seus ataques. Um leão velho é temível, mas os leões jovens são ainda piores. ( Sl 10.9; 22.14; 35.17- textos bíblicos são notas de referência da Bíblia de Jerusalém). O poeta sagrado precisava da intervenção divina contra uma força superior, cujo propósito era matar.

13 Levanta-te, Iahweh! Enfrentá-os! Derruba-os!Que tua espada me liberte do ímpio.
Antes que o assassino pudesse fazer o mal, como implorou o salmista, que Deus o derrubasse com a Sua espada. Salmista pede que Deus intervenha na situação. Esta linguagem é encontrada com frequência nos lamentos. Veja Jr 15.15-16, onde o profeta ora expressando a situações de desespero diante de forças de opositores.
14 e tua mão, ó Iahweh, dos mortais, dos mortais, que em vida, já têm sua parte deste mundo! Enche-lhes o ventre com que tens em reserva; seus filhos ficarão saciados e deixarão o que sobrar para os pequeninos.
Imprecação lançada contra os ímpios, cujo objetivo é acabar com a comunidade dos fiéis. O apelo para Deus invoca a sentença vindicativa para serem nivelados à sorte comum dos pobres mortais os que parecem tão seguros de si e protegidos dos golpes do infortúnio, em virtude das muitas riquezas acumuladas dos quais ainda se beneficiam seus descendentes.

15 Quanto a mim, com justiça eu verei tua face; ao despertar, eu me saciarei com tua imagem.
Conforme usualmente acontece com os salmos de súplicas, as observações finais infundem esperança. A “justiça” aqui mencionada consiste na equidade, manifestada na relação de Deus com seu povo, com base na aliança sagrada. Por conseguinte, em casos de graves necessidades, Deus intervém para fins de salvação do indivíduo, como também de toda a comunidade dos fiéis, livrando-os das crises que traumatizam sua fé e agraciando-os com benefícios divinos.

Alexandre Bilhalva;

Bibliografia:

AGOSTINHO, Santo. Comentários aos Salmos (Salmos 1-50), Revisão H.Dalbosco. São Paulo: Paulus, 1997.
BÍBLIA Portugues: Biblía de Jerusalém. Nova edição, Revista e Ampliada. São Paulo: Paulus, 2002
BÍBLIA Português. Bíblia Sagrada Antigo e Novo Testamento. Tradução de João Ferreira de Almeida (RA). 2.ed. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2015.
CHAMPLIN, N. Russell. Antigo Testamento interpretado versículo por versículo – Volume 4 – Salmos, Provérbios, Eclesiastes  e Cantares. 2º ed. Hagnos, 2001.
CHAMPLIN, N. Russell. Enciclopédia Bíblica: Teologia e Filosofia- Vol.5 P-R. Disponível em: http://projetorestaurandovasos.blogspot.com/2016/11/baixar-enciclopedia-de-biblia-teologia.html.  Acesso 02/11/2018.
SCHÖKEL, L. Alonso; CARNITI, Cecília. Salmos I (Salmos 1-72) Tradução João Resende Costa. São Paulo: Paulus, 1996
SILVA, Cassio Murilo da, Leia a Bíblia como Literatura. São Paulo: Loyola, 2007.
SILVA, Cassio Murilo da; LÓ, Rita de Cácia. Caminho não muito suave. 2ºed. São Paulo: Alínea, 2012.
WEISER, Arthur. Os Salmos - Comentários I. São Paulo: Paulus, 1994