quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Exegese Salmos 17 (parte 1)


SALMOS 17 (16): SALMOS DE ORAÇÃO E SUPLICA
RESUMO
Esse é um salmo, de lamentação individual, inicia com um grito pedindo ajuda contra uma situação, precária e incerta, em que alguém se encontra. Situação causada por uma variedade de inimigos, perseguição e perigos, ou alguma enfermidade. O salmista se vê necessitado da ajuda divina e já na introdução expressa sua confiança em Deus (SILVA; LÓ, 2012. p-124). E então termina com um tom de fé e louvor, uma vez que a oração da tenha sido respondida, ou que se espere que seja em breve respondida.

Gênero

A súplica é um dos temas mais frequentes no saltério. Como todos os salmos de súplica, este lança luz sobre a violência e a traição dos tempos em que a sobrevivência diária diante da morte era um desafio constante. Tornava-se necessário uma intervenção divina para salvar os piedosos da destruição nas mãos de homens cruéis e desarrazoados. ( CHAMPLIN, 2001. P-2101)
Este salmo fala de um inocente perseguido ou acusado injustamente por inimigos que ameaçavam sua vida física (vs. 10,12).  Podiam ser inimigos de guerra, ou inimigos pessoais, dentro do acampamento de Israel. O salmista leva sua causa a Deus, para ser decidida no templo (v. 2). Ele pleiteava por vindicação (cf. I Reis 8.31,32). Durante a noite, até a hora da sentença, goza de asilo do templo, pela manhã será admitido à presença de Deus. (SCHÖKEL; CARNITI, 1996 P-289). Alguns estudiosos fazem deste texto um salmo messiânico, e o clamor seria o do Justo Jesus perante Seus perseguidores (ver I Ped. 2.23). Mas a maioria dos estudiosos não classifica assim este salmo. Alguns veem em I Sam. 23.26 e 24.11 como indicações das circunstâncias históricas de Davi, seu desespero e então a defesa de sua integridade. Mas essas coisas são apenas conjecturas, sem nenhuma evidência real.

SALMOS 17 (16) – Fonte: BÍBLIA DE JERUSALÉM


1 Ouve, Iahweh, a justa causa; atende ao meu clamor; dá ouvido à minha súplica, que não sai de lábios mentirosos.
O vs. 1 é um apelo, palavras de um acusado que precisava de livramento da opressão que poderia terminar em sua execução, legal ou ilegalmente. Davi (ou algum outro poeta) tinha ciência da própria integridade, ameaçada então por um ou mais inimigos que apresentavam falsas acusações contra ele. A urgência da súplica é provada pelo tríplice chamamento. “Ouve... atende a meu clamor... dá ouvido”. Deus precisou intervir para salvar o pobre homem de sofrer injustamente, talvez até de ser executado.

2 Que  minha sentença provenha da tua face, teus olhos vejam onde está o direito.
O  vs. 2 é uma petição, A vindicação era o principal objeto desta oração. Uma decisão justa só poderia descer da parte de Deus. Na presença de Deus, o homem justo goza de segurança. (“...tua face, teus olhos...” antropomorfismo)

3 Tu sondas o meu coração, tu me visitas de noite; tu me provas sem encontrar em mim infâmia: minha boca não transgride.
Três condicionais precedem a uma principal. O autor pede que sua integridade seja divinamente confirmada. Ele não carecia de uma decisão de tribunal, mas ser por Deus julgado e  considerara inocente de todas as acusações. A noite é tempo de recolhimento e intimidade. (SCHÖKEL; CARNITI, 1996. P-292) Nos períodos noturnos, quando os sonhos e a meditação examinavam a vida do salmista e sua conduta, a sentença era dada. ( CHAMPLIN, 2001. P-2101)
4 Como costumam os homens. Eu observei a palavra dos teus lábios, no caminhos prescrito.
Quanto às ações dos homens. O poeta sagrado tinha evitado as veredas dos ímpios. Ver Jó. 23.11-12: “Meus pés se apegaram a seus passos... Não me afastei do mandamento de teus lábios...” O  poeta sagrado tinha certeza de caminhar exclusivamente pelos caminhos abençoados de Deus. Ele identificava os ímpios, evitava-os e, como um príncipe fiel, proibia seus súditos de tornar-se companheiros dos ímpios, restringindo os bondosos de seguir maus exemplos; antes, ele fizera da Palavra de Deus a regra de sua conduta” (Cf.comentario 17.4: Biblia de Estudo de Genebra,2009. P-698).
5 mantendo os meus passos; meus pés vascilaram nas tuas pegadas.
Os passos do poeta estavam apegados aos caminhos de Deus mediante o poder do Ser divino. Ele era um homem dotado de uma confiança na Fonte de toda bondade. Esta confiança não era apenas ocasional, mas constante e por essa razão, a proteção no sentido de seus pés não escorregarem ou de evitar a distensão do tornozelo ( cf. Sl 18.37) era uma benção importante.

6 Eu clamo a ti, pois tu me respondes, ó Deus! Inclina a mim  teu ouvido, ouve a minha palavra.
“Eu,clamei”. Com livre e válida intensidade (Santo Agostino1997.P-154) O poeta perseguido invoca a Deus, sua única esperança, aguardando uma resposta e uma intervenção que o vindicaria das acusações contra ele. Ele acreditava que Deus intervinha na vida humana. Ele não acreditava que os homens estavam abandonados às suas próprias forças e recursos. O salmista se contrastava com aqueles homens violentos, que só queriam prejudicá-lo. Ver o vs. 4. Este versículo é uma espécie de renovação do pedido, um fortalecimento, porquanto agora o poeta sacro declararia petições específicas. Os elementos dessa petição estendem-se do vs. 7 ao vs. 14, e então o vs. 15 fornece a esperançosa conclusão de toda a questão. ( CHAMPLIN, 2001. P-2101)

7 Demonstra o teu amor, tu que salvas dos agressores que se refugia a tua direita.
O poeta apela para a compaixão e a fidelidade de Deus. Na história de Israel pode-se identificar muitos momentos em que Deus havia salvado seu povo em perigo. O poeta conhecia Deus como Salvador.

8 Guarda-me como a pupila dos olhos,  esconde-me à sombra de tuas asas,
“...como a pupila dos olhos...” uma imagem para aquilo que há de mais precioso. (frase extraída de Dt.32.10-11) uma das partes mais sensíveis do corpo que precisa de proteção.
9 londe dos ímpios que me oprimem, dos inimigos mortais que me cercam.
O incidente com Saul em I Sm23.26 é um exemplodos inimigos mortais que cercam.
10 Eles envolvem seu coração com gordura, sua boca fala com arrogância.
“...seu coração com gordura...” podeira ser uma caricatura da aparência física dessas pessoas perversas. (cf. comentário Biblia de Estudo de Genebra.2009.p-699) Gordura refere-se a luxuria (“...Tendes vivido no sprazeres; tendes engordado vosso coração, em dias de matança.”Tg.5.5)

11 Caminham contra mim e agora me cercam, fixando seus olhos para jogar-me por terra.
O inimigo havia tomado iniciativa de destruir o poeta.

12 Parecem-se leão, ávidos por devorar, filhote de  leão, agachado em seu covil.            A metáfora do leão fala de um poder superior e cruel que põe fim doloroso a algum poder que lhe é inferior e não consegue resistir aos seus ataques. Um leão velho é temível, mas os leões jovens são ainda piores. ( Sl 10.9; 22.14; 35.17- textos bíblicos são notas de referência da Bíblia de Jerusalém). O poeta sagrado precisava da intervenção divina contra uma força superior, cujo propósito era matar.

13 Levanta-te, Iahweh! Enfrentá-os! Derruba-os!Que tua espada me liberte do ímpio.
Antes que o assassino pudesse fazer o mal, como implorou o salmista, que Deus o derrubasse com a Sua espada. Salmista pede que Deus intervenha na situação. Esta linguagem é encontrada com frequência nos lamentos. Veja Jr 15.15-16, onde o profeta ora expressando a situações de desespero diante de forças de opositores.
14 e tua mão, ó Iahweh, dos mortais, dos mortais, que em vida, já têm sua parte deste mundo! Enche-lhes o ventre com que tens em reserva; seus filhos ficarão saciados e deixarão o que sobrar para os pequeninos.
Imprecação lançada contra os ímpios, cujo objetivo é acabar com a comunidade dos fiéis. O apelo para Deus invoca a sentença vindicativa para serem nivelados à sorte comum dos pobres mortais os que parecem tão seguros de si e protegidos dos golpes do infortúnio, em virtude das muitas riquezas acumuladas dos quais ainda se beneficiam seus descendentes.

15 Quanto a mim, com justiça eu verei tua face; ao despertar, eu me saciarei com tua imagem.
Conforme usualmente acontece com os salmos de súplicas, as observações finais infundem esperança. A “justiça” aqui mencionada consiste na equidade, manifestada na relação de Deus com seu povo, com base na aliança sagrada. Por conseguinte, em casos de graves necessidades, Deus intervém para fins de salvação do indivíduo, como também de toda a comunidade dos fiéis, livrando-os das crises que traumatizam sua fé e agraciando-os com benefícios divinos.

Alexandre Bilhalva;

Bibliografia:

AGOSTINHO, Santo. Comentários aos Salmos (Salmos 1-50), Revisão H.Dalbosco. São Paulo: Paulus, 1997.
BÍBLIA Portugues: Biblía de Jerusalém. Nova edição, Revista e Ampliada. São Paulo: Paulus, 2002
BÍBLIA Português. Bíblia Sagrada Antigo e Novo Testamento. Tradução de João Ferreira de Almeida (RA). 2.ed. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2015.
CHAMPLIN, N. Russell. Antigo Testamento interpretado versículo por versículo – Volume 4 – Salmos, Provérbios, Eclesiastes  e Cantares. 2º ed. Hagnos, 2001.
CHAMPLIN, N. Russell. Enciclopédia Bíblica: Teologia e Filosofia- Vol.5 P-R. Disponível em: http://projetorestaurandovasos.blogspot.com/2016/11/baixar-enciclopedia-de-biblia-teologia.html.  Acesso 02/11/2018.
SCHÖKEL, L. Alonso; CARNITI, Cecília. Salmos I (Salmos 1-72) Tradução João Resende Costa. São Paulo: Paulus, 1996
SILVA, Cassio Murilo da, Leia a Bíblia como Literatura. São Paulo: Loyola, 2007.
SILVA, Cassio Murilo da; LÓ, Rita de Cácia. Caminho não muito suave. 2ºed. São Paulo: Alínea, 2012.
WEISER, Arthur. Os Salmos - Comentários I. São Paulo: Paulus, 1994

Um comentário:

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